Newsletter 15/06/2009

15/06/2009

Pista cheia

Número de praticantes de skate cresce, Brasil é potência mundial, mas tem só 300 profissionais

Fonte: Folha de São Paulo 14/06/2009

CAROLINA ARAÚJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Festejado como esporte radical, estilo de vida ou até mesmo meio de transporte, o skate anda em alta. É o que mostram não apenas o barulho incessante das rodinhas sobre o asfalto nas ruas, pistas e obstáculos, mas também as estatísticas.

Pesquisa realizada pelo Datafolha apontou 3,2 milhões de adeptos no Brasil em 2006 -12,5% a mais do que em 2002, quando o mesmo levantamento disse haver 2,8 milhões de skatistas em todo o país.

Uma das principais razões para a popularização é econômica, já que o skate é considerado um dos poucos esportes radicais de baixo custo.

“Começar a andar de skate é muito barato. Com R$ 100 você compra um e aprende”, declara Márcia Casz, diretora da MaxSports, que organiza dois dos principais eventos do Brasil, o Vert Jam e a Megarrampa.

Ser skatista, porém, é ofício para poucos -o país tem 300 profissionais. Ou seja: apenas 1 a cada 10 mil praticantes ganha dinheiro com skate, apesar de o Brasil ser a segunda maior potência no esporte, atrás dos EUA, e ter hoje seis campeões mundiais -quatro profissionais e dois amadores.

O número de profissionais do skate no país é pequeno devido a um controle feito pela CBSk (Confederação Brasileira do Skate), que exige que o atleta amador apresente resultados, potenciais patrocinadores e aparições em meios de comunicação antes de decidir se o promove à categoria profissional.

“Antes tinha skatista querendo ser profissional pelo dinheiro, aceitando quaisquer R$ 500. Mas quase sempre ele não tinha nível técnico nem postura para isso”, diz Marcelo Santos, presidente da entidade.

Com a medida, a profissionalização se tornou mais rara. Se há cinco anos o Brasil tinha entre 20 e 30 novos profissionais por ano, hoje a média é de três ou quatro por temporada.

São esses 300 experts que podem participar dos dez campeonatos para tops que a confederação promove no ano.

A maior fonte de renda dos skatistas, contudo, não são as premiações de torneios. Vem da aparição em vídeos ou fotos para publicidade e de patrocínios de empresas do setor.

O país tem uma indústria nacional própria, que fabrica vestuário e equipamentos e fatura R$ 250 milhões por ano.
Para estudiosos do skate, a popularização do esporte vai além da esfera esportiva. Apesar de o bom desempenho dos brasileiros nas pistas também render novos praticantes, o que atrai mais adeptos é a procura por um estilo de vida próprio.

Segundo Ricardo Uvinha, autor do livro “Juventude, Lazer e Esportes Radicais” e professor da Escola de Artes, Ciência e Humanidades da USP, os jovens buscam o skate para se integrar a um grupo e compartilhar gostos semelhantes.

Skatista há oito anos, Bruno Milliet, 19, concorda. “Skate influencia toda a sua vida, desde a roupa e a música que você gosta até o modo como você vê uma rua, tentando achar lugares para fazer uma manobra nova.”
A chance de se destacar dentro do grupo é outro atrativo para os iniciantes, diz Walter Bracht, diretor do Centro de Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo.

“Não é por acaso que os praticantes procuram praças e espaços públicos para suas performances”, afirma Bracht.

A massificação do esporte, porém, não atingiu em cheio as mulheres. O skate tem um público feminino crescente, porém só 8% dos praticantes são garotas, segundo a CBSk.

“Há um ranço do machismo no mercado do skate, e as meninas enfrentam mais dificuldades. Além do preconceito, não há investimento para a categoria feminina”, diz Evelyn Leine, 23, skatista e editora do blog Skate para Meninas.

Atletas reclamam de parque do skate em SP

Fonte: Folha de São Paulo 14/06/2009

DA REPORTAGEM LOCAL

Aberto em fevereiro e desde então transformado no espaço de skate mais movimentado da cidade de São Paulo, o parque Zilda Natel, em Perdizes, é alvo de queixas de frequentadores.

Os atletas reclamam que as três pistas apresentam problemas de segurança e não foram construídas de acordo com as especificações da modalidade.

“Aqui dá muita confusão. O bowl [pista em formato de bacia vazia] foi malfeito, porque as paredes não têm 90º. Aí fica mais difícil acertar as manobras”, diz Murilo Romão, 20.

Segundo Andrea Matarazzo, secretário de Coordenação das Subprefeituras e responsável pela implantação do parque, que custou R$ 696 mil, um grupo de skatistas atuou como consultor técnico durante a construção. “Como não somos especialistas em skate, ouvimos os maiores interessados.”

Os atletas, porém, dizem que a participação deles foi paliativa e só ocorreu quando as obras já estavam em andamento.

“Eles não procuraram ninguém do skate para fazer a pista, e acabou ficando essa porcaria. Toda hora tem colisão. Era melhor uma pista só, mas boa”, afirma Lucas Carvalho, 21, profissional há dois anos.

Os problemas no Zilda Natel mostram uma das deficiências do skate no país: a falta de planejamento e manutenção das pistas. O Brasil tem cerca de 1.400, 91 em São Paulo.

“As prefeituras investem em pistas por uma demanda social. Mas não adianta construir a pista e ela nem poder ser usada”, declara o campeão mundial Bob Burnquist. (CA)

Penta mundial vê evolução, mas faz críticas

Fonte: Folha de São Paulo 14/06/2009

DA REPORTAGEM LOCAL

Pentacampeão mundial e um dos maiores ídolos do skate nacional, ao lado de Bob Burnquist, o skatista Sandro Dias, 34, conhecido como Mineirinho, aponta melhorias no cenário brasileiro, mas diz que a falta de pistas atrapalha o desenvolvimento do esporte. (CA)

FOLHA – Você vê evolução no skate do Brasil nos últimos anos?
SANDRO DIAS
– Acho que melhorou nos últimos três ou quatro anos. Agora temos mais eventos e maior apoio aos skatistas como esportistas. Na época em que comecei, o único jeito de evoluir era ir morar nos Estados Unidos. Atualmente temos profissionais que começaram e continuam por aqui, mesmo com as dificuldades.

FOLHA – Quais são as dificuldades?
DIAS
– Faltam pistas para o treinamento profissional. As boas pistas ainda são escassas e geralmente particulares [Mineirinho tem a própria pista há dez anos, em São Bernardo]. Há grandes talentos que não evoluem porque não têm lugar para treinar. Também falta divulgar mais os profissionais brasileiros. São 300 profissionais que praticam o segundo esporte mais popular do país. Todos esses caras têm que ser mostrados nos meios de comunicação e apoiados. O Brasil é uma potência no skate mundial e muita gente não sabe disso.

FOLHA – Qual é sua opinião sobre o controle à profissionalização realizado pela CBSk?
DIAS
– Acho importante ter alguém para avaliar se alguém pode ser profissional do skate. Na minha época, era só falar que era profissional, mesmo sem patrocínio ou qualidade, o que não era bom para o esporte. Acho legal essa iniciativa da confederação, mas fica mais complicado em tempos de crise. Desde o ano passado, as empresas colocaram um pé no freio nos patrocínios, e isso atrapalha quem está surgindo.

10/06/2009 às 16:30h – Diretor de Esporte de Base do ME discute PL que pretende regulamentar esportes radicais

Fonte: Ministério do Esporte
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado realizou nesta quarta-feira (10) audiência pública para discutir o Projeto de Lei 403/2005, do senador Efraim Moraes (DEM-PB), que propõe regras para prática de esportes radicais e de aventura no Brasil. O objetivo é aumentar a segurança dos atletas dessas modalidades. O diretor do departamento do Esporte de Base e de Alto Rendimento do Ministério do Esporte e presidente da Comissão de Esportes Radicais e de Aventura da pasta, André Arantes, participou do evento e fez sugestões aos senadores.

Arantes apresentou a legislação esportiva brasileira. Segundo ele, o Brasil está avançando no processo de regulamentação dessas modalidades e conta com a participação do Ministério do Esporte e do Turismo. O diretor chamou atenção no sentido de que o projeto conceitue os esportes radicais e de aventura de acordo com a definição da Resolução 18/2007, do Ministério do Esporte.

Conforme conceito do ministério, o desporto de aventura é praticado em interação com a natureza, a partir de sensações e emoções, sob condições de incerteza em relação ao meio e de risco calculado, como o surf, arvorismo e rapel. Já os esportes radicais são práticas a partir de sensações e emoções, sobre condições de risco calculado, realizadas em manobras arrojadas e controladas, com a superação de habilidades de desafio extremo e desenvolvidas em ambientes controlados. Esse é o caso do skate, patins in-line e bicicross.

Arantes também sugeriu que o PL esteja em consonância com a Lei Pelé (9.615 /98), que regulariza o esporte de forma geral no nosso país. “Vejo com bons olhos a iniciativa do Senado de sugerir medidas para melhorar a segurança nos esportes radicais”, disse.

Luiz Henrique Campos, assessor da Confederação Brasileira de Surf (CBS), também participou da audiência. Pare ele, uma lei de segurança para esportes radicais chega em boa hora, principalmente para regulamentar as entidades esportivas. Ele explicou que isso é importante, porque o surf é um dos esportes mais praticados no Brasil. “Segundo uma pesquisa da editora Abril, há entre dois e três milhões de praticantes do surf no país”.

Campos também citou a criação do Comitê Nacional de Esportes Radicais, no dia 14 de maio, que, segundo ele, vai fortalecer as entidades esportivas. Além disso, agradeceu o apoio do ministro do Esporte, Orlando Silva, ao comitê.

Também estiveram presentes na audiência o recordista mundial de parapente, André Luís Fleury, o gestor da Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo Turismo de Aventura (Abeta), Leonardo Persi, e Monclair Cammarota, do Oskalunga corrida de aventura.

O presidente da comissão, senador Flávio Arns (PT-PR), afirmou que a audiência foi muito positiva. “Vamos enriquecer a legislação para que ela esteja em sintonia com os praticantes de esportes radicais e de aventura”, defendeu.

Clara Mousinho

Ascom – Ministério do Esporte

Confao


Fonte: Blog do Cruz
O presidente do Conselho Nacional de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao), Sérgio Bruno Coelho, apresenta farto material demonstrando a importância dos clubes no contexto esportivo. Com base nos números, essas entidades buscam participar do rateio dos recursos das loterias federais, atualmente administrados pelos comitês Olímpico e Paraolímpico.

Os principais clubes – Sogipa e União (RS), Corinthians e Pinheiros (SP), Minas Tênis (MG), Flamengo, Fluminense e Vasco (RJ) – têm um potencial pouco divulgado: 9.129 atletas federados e 25.343 alunos em formação.

Em nível olímpico, a situação é a seguinte: dos 277 atletas da delegação brasileira nos Jogos de Pequim, 213 (77%) foram formados ou eram mantidos, à época, por clubes nacionais. E dos 75 brasileiros medalhistas naquele evento oriental, 28 (37%) estavam vinculados a clubes brasileiros, e 35 competidores (47%) – a maioria, portanto – pertenciam a agremiações estrangeiras, nas modalidades de handebol, vôlei, basquete, futebol e hipismo.

“Denota-se a necessidade de uma política de esporte definida e consolidada, que evite essa evasão de atletas brasileiros para clubes do exterior”, diz o presidente do Confao.

O detalhado balanço justifica-se, mesmo porque Sérgio Bruno Coelho é, também, presidente do Minas Tênis Clube, instituição que, dos Jogos de Helsinque-1952 aos de Pequim-2008, participou com 45 competidores e cinco técnicos. No contexto das informações, fica evidente, como já escrevemos, a necessidade de contar com os times no programa de formação de atletas olímpicos.

Porém, a ausência dos clubes do rateio dos recursos das loterias demonstra como ainda estamos perdidos no diálogo – ou na falta dele – entre as instituições que formam o Sistema Nacional de Esportes.

Desde que as loterias federais começaram a repassar os recursos ao esporte (Lei nº 10.264/2001), o COB dialoga exclusivamente com as confederações, que formam sua estrutura. E não desceu nessa hierarquia, por exemplo, até às federações, também alijadas do sistema de recebimento de verbas, e muito menos até os clubes. O tempo passou. Lá se vão oito anos de vigência dessa lei, e os clubes decidiram gritar. Com números efetivos nas mãos, faz sentido.

Ocorre que alterar os percentuais de repasse unicamente das loterias federais significa ignorar as outras fontes – e são várias. Como o financiamento do esporte olímpico é quase que exclusivamente responsabilidade da União, está na hora de o governo federal reavaliar o que existe de fontes, promovendo a redistribuição dos recursos para que cheguem, efetivamente, à base, isto é, às instituições que trabalham com a formação de atletas.

Festa com dinheiro público

Fonte: Blog do Cruz
Ricardo Leyser Gonçalves, do Ministério do Esporte, terá que devolver R$ 2,7 milhões aos cofres da União. Esse é o resultado do superfaturamento em instalações de ar condicionado, montagem de cadeiras, camas, instalações de persianas e fornecimento de colchões, entre outros serviços, na Vila Pan-Americana, que recebeu cinco mil atletas no megaevento, durante duas semanas.

A cobrança dessa gastança foi feita ontem quando o Tribunal de Contas da União aprovou o primeiro processo que confirma o superfaturamento nas despesas dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

Além de Ricardo Leyser Gonçalves, também responderão pela devolução do dinheiro, o presidente da comissão de licitação, Luiz Custódio Orro de Freitas, José Pedro Varlotta e José Mardovan Carvalho Pontes, da comissão de licitação, e o Consórcio Interamericano, representado por sua empresa líder, JZ Engenharia e comércio Ltda, com sede em São Paulo.

Silêncio ministerial

Fonte: Blog do Cruz
O site do Minsitério do Esporte continua sem uma só referência à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que, na quarta-feira, determinou a devolução de R$ 2,7 milhões aos cofres públicos.

Junto com empresários que administraram o consórsio da Vila Pan-Americana, no Rio de Janeiro, Ricardo Leyser Gonçaves é quem terá que restituir o dinheiro, depois de ter sido identificado superfaturamento em vários contratos.

Ricardo Layser Gonçalves não é pouca coisa no ministério. Além de ter sido o representante do governo no Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos de 2007, ele é o Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, ou seja, homem da extrema confiança do ministro Orlando Silva.