Entrevista Ricardo Cappelli

16/11/2009

SEXTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2009

Presidente da UNE até 1999 e filiado ao PCdoB, Ricardo Cappelli é o atual presidente da Lei de Incentivo ao Esporte

Fonte: Guilherme Costa –  Máquina do Esporte

 

Se a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 transformaram o esporte em um segmento destacado no projeto do Brasil para a próxima década, isso apenas confirmou a realidade que se consolidou nos dois últimos anos. Regulamentada em 2007, a Lei de Incentivo ao Esporte, similar aos planos de incentivo à cultura, tem condições de ser artífice de uma série de mudanças na política da atividade física no país.

O problema é que falta eficiência. Das propostas apresentadas atualmente, 80% não são admitidas como projeto por falta de documentação. A triagem dos processos, que não deveria ser restritiva, ainda barra quase um terço das iniciativas. E do número menor que é aprovado, apenas 30% realmente conseguem obter financiamento em empresas.

No primeiro estágio, o ponto-chave é a formação de gestores. Grande parte dos projetos rejeitados deve-se à falta de qualidade nas propostas, e o que é aceito tem concentração totalmente desigual: 92% tem origem em três Estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), sendo que São Paulo responde por 60% do valor captado.

O que deixa mais evidente a importância de qualificação de gestores é a postura aberta dos responsáveis pela Lei de Incentivo ao Esporte. Enquanto a maioria dos debates sobre o tema fala sobre benefício de uma instituição em detrimento de outras, Ricardo Cappelli, presidente da comissão montada pelo Ministério do Esporte para gerenciar a legislação, lembra que não existe uma concorrência por um mesmo recurso.

“Mais importante do que discutir para quem vai o recurso é buscar maneiras de aproveitá-lo totalmente. Temos um espaço de crescimento muito grande ainda. Se tivermos mais qualidade nos projetos e um número maior de inscrições, poderemos atingir um volume mais próximo do limite. Mais do que discutir se A é beneficiado ou B é preterido, é importante usarmos tudo que a lei nos oferece”, disse Cappelli em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

Ainda que a preocupação do Ministério atualmente seja com quantidade, não com a qualidade, a pasta é obrigada a rejeitar a maioria dos projetos. E quando os aprova, ainda precisa buscar maneiras de convencer empresas a investirem. Companhias que declaram imposto de renda pelo lucro real podem investir até 1% do valor em projetos aprovados.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Qual é sua avaliação sobre o momento do esporte no Brasil?
Ricardo Cappelli:
Parafraseando o presidente Lula, nunca antes na história deste país o esporte esteve tão em pauta. Outro dia eu ouvi um comentário na rádio CBN de um analista de economia sobre o futuro. Ele disse que três fatores serão decisivos para um impulso ao Brasil: o pré-sal, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O esporte vive um momento especial, de muitas oportunidades. O orçamento do Ministério do Esporte em 2003 era de R$ 280 milhões, mas saltou para R$ 1,3 bilhão no ano passado. O esporte sempre teve um lugar secundário na agência da política pública, mas passa por um ciclo de fortalecimento e encontrará muitas oportunidades nos próximos dez anos.

ME: E a Lei de Incentivo ao Esporte, como se enquadra nesse cenário? Como tem sido a reação das empresas?
RC:
A Lei de Incentivo ao Esporte é relativamente nova, mas já proporcionou alterações significativas na estrutura da empresas. Várias delas começaram a criar setores específicos para avaliar a visão da companhia e as oportunidades que existem para projetos no esporte. A Lei de Incentivo ao Esporte surgiu em um contexto positivo, mas ainda tem pouco tempo de vigência.

ME: Você considera a Lei de Incentivo ao Esporte como algo consolidado?
RC:
Já houve mais de R$ 150 milhões investidos em dois anos, com mais de 1,5 milhão de pessoas beneficiadas, mas a lei ainda não usou todo o potencial que tem. Tivemos uma movimentação pequena dentro do universo que existe. E o que nós vemos é que ainda existe muito desconhecimento de empresas e de proponentes.

ME: Como é feita a seleção de projetos atualmente?
RC:
A Lei de Incentivo, propositalmente, não é restritiva. Temos apenas uma restrição sobre quem pode apresentar projetos, que não podem ser feitos por pessoas físicas. A comissão que avalia é formada por membros do governo e da sociedade civil, pessoas que buscam referências para ter um equilíbrio e enriquecer a compreensão da sociedade.

ME: Por que o número de projetos é tão inferior ao volume de apresentações? O que falta para melhorar o aproveitamento?
RC:
Nossa intenção é aprovar o maior número possível de projetos. O número de registrados é grande, mas a matriz do esporte no país ainda carece de um desenvolvimento. Falta expertise nos projetos, e qualificar gestores é um grande desafio nosso para os próximos anos. É fundamental formarmos pessoas capazes de aproveitar esse recurso que está aí.

ME: Qual é a projeção da Lei de Incentivo para este ano?
RC:
O balanço de 2009 ainda não está fechado, mas a expectativa é que tenhamos o triplo de projetos em comparação com o ano anterior. Isso mostra que a Lei de Incentivo ao Esporte está crescendo e se consolidando. Tomamos medidas para acelerar os projetos, para não termos mais de 90 dias entre a apresentação, a apreciação e a definição.

Em 2007, tivemos 629 projetos apresentados e 416 aceitos. No ano seguinte, 666 projetos apresentados e 260 passaram. O número caiu drasticamente porque 80% do que chegava para nós não tinha nem a documentação necessária. Começamos a barrar logo por aí. Desde fevereiro, projeto sem documentação não forma sequer um processo.

ME: E desde que a lei começou a funcionar? A evolução está dentro de suas projeções?
RC:
O crescimento tem sido dentro do esperado. É difícil fazer qualquer balanço sem que exista um histórico, e dois anos não são suficientes para criar um histórico. Teremos um cenário mais claro daqui a alguns anos, mas estamos investindo para intensificar o crescimento.

ME: Os recursos da Lei de Incentivo ao Esporte são bem distribuídos pelo país?
RC:
Um dos problemas da lei é a concentração. 92% dos recursos captados estão divididos entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com 22%, 10% e 60%. Esses dados nos fazem voltar à questão da expertise, que ainda é pouco abrangente. Precisamos aproveitar mais para crescer, e para isso precisamos de mais qualidade. O grande desafio que temos pela frente agora é qualificar a gestão do esporte em todo o país.

ME: Você fala constantemente sobre o volume de recursos liberados, mas nem tudo isso vira apoio efetivo. De tudo que é aceito em projetos, quanto é efetivamente captado com empresas?
RC:
Existe uma taxa de 30% do que é liberado que consegue efetivar a captação. Isso nos mostra que temos alguns desafios. O primeiro é aumentar a efetividade, divulgando a possibilidade que as empresas têm e mostrando a elas como funciona. Companhias não apoiam qualquer projeto. Em geral, elas preferem não alocar recursos se o projeto não transmitir total segurança. É um trabalho de divulgar a legislação, melhorar os projetos e dar credibilidade ao setor.

ME: Por que existe a restrição de não liberar verbas diretamente a atletas?
RC:
Essa é uma questão complicada. É difícil colocar dinheiro público nas mãos de uma pessoa física. Não podemos simplesmente depositar verba do governo na conta de alguém, ainda que o fim seja positivo. Mas não encaramos isso como um fator limitador, já que o atleta pode fundar sua instituição. O projeto da Isabel Swan para as Olimpíadas de Londres-2012 captou dinheiro incentivado. Para isso, criou uma entidade.

ME: Mas isso não estimula a utilização de “laranjas”?
RC:
A lei não limita o proponente, mas estimula uma interação entre atletas, federações, confederações e empresas. A ideia é que surjam parcerias, mas nada impede que um atleta crie sua própria instituição. Temos aí as fundações como Gol de Letra, Bola pra Frente e IEE. Eles nos mostram que isso é possível sem que sejam usados “laranjas”. Boa índole e má índole existem em qualquer segmento. O desafio é encontrar um equilíbrio e criar regras que se aproximem de realidades diversas.

ME: Você considera correto o direcionamento dos recursos?
RC:
Mais importante do que discutir para quem vai o recurso é buscar maneiras de aproveitá-lo totalmente. Temos um espaço de crescimento muito grande ainda. Se tivermos mais qualidade nos projetos e um número maior de inscrições, poderemos atingir um volume mais próximo do limite. Mais do que discutir se A é beneficiado ou B é preterido, é importante usarmos tudo que a lei nos oferece.

ME: O São Paulo captou dinheiro via Lei de Incentivo ao Esporte para construir um centro de formação de atletas em Cotia-SP. É legítimo usar dinheiro público para a construção de uma obra da iniciativa privada?
RC:
Na época em que o São Paulo Futebol Clube apresentou o projeto, fizemos uma consulta aos órgãos de controle e não houve veto à possibilidade. Recentemente, uma portaria delimitou o caso de construções. Em caso de emprego de dinheiro público, é preciso que os clubes ofereçam contrapartidas de uso para a população. É razoável construir equipamentos que contam com Lei de Incentivo ao Esporte e não seriam erguidos sem ela. O Maria Lenk e o Velódromo foram feitos com recurso público, mas são administrados pelo COB. Da mesma forma, o São Paulo Futebol Clube é um clube social. Não se trata de uma empresa, e essa peculiaridade precisa ser considerada.

 

SEXTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2009

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Ricardo Cappelli

Presidente da UNE até 1999 e filiado ao PCdoB, Ricardo Cappelli é o atual presidente da Lei de Incentivo ao Esporte

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Clique aqui para conhecer melhor o entrevistado


Entrevista: Ricardo Cappelli

GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, em São Paulo

http://maquinadoesporte.uol.com.br/new/fotos/091113Entrevistaint.jpgSe a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 transformaram o esporte em um segmento destacado no projeto do Brasil para a próxima década, isso apenas confirmou a realidade que se consolidou nos dois últimos anos. Regulamentada em 2007, a Lei de Incentivo ao Esporte, similar aos planos de incentivo à cultura, tem condições de ser artífice de uma série de mudanças na política da atividade física no país.

O problema é que falta eficiência. Das propostas apresentadas atualmente, 80% não são admitidas como projeto por falta de documentação. A triagem dos processos, que não deveria ser restritiva, ainda barra quase um terço das iniciativas. E do número menor que é aprovado, apenas 30% realmente conseguem obter financiamento em empresas.

No primeiro estágio, o ponto-chave é a formação de gestores. Grande parte dos projetos rejeitados deve-se à falta de qualidade nas propostas, e o que é aceito tem concentração totalmente desigual: 92% tem origem em três Estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo), sendo que São Paulo responde por 60% do valor captado.

O que deixa mais evidente a importância de qualificação de gestores é a postura aberta dos responsáveis pela Lei de Incentivo ao Esporte. Enquanto a maioria dos debates sobre o tema fala sobre benefício de uma instituição em detrimento de outras, Ricardo Cappelli, presidente da comissão montada pelo Ministério do Esporte para gerenciar a legislação, lembra que não existe uma concorrência por um mesmo recurso.

“Mais importante do que discutir para quem vai o recurso é buscar maneiras de aproveitá-lo totalmente. Temos um espaço de crescimento muito grande ainda. Se tivermos mais qualidade nos projetos e um número maior de inscrições, poderemos atingir um volume mais próximo do limite. Mais do que discutir se A é beneficiado ou B é preterido, é importante usarmos tudo que a lei nos oferece”, disse Cappelli em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.

Ainda que a preocupação do Ministério atualmente seja com quantidade, não com a qualidade, a pasta é obrigada a rejeitar a maioria dos projetos. E quando os aprova, ainda precisa buscar maneiras de convencer empresas a investirem. Companhias que declaram imposto de renda pelo lucro real podem investir até 1% do valor em projetos aprovados.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Qual é sua avaliação sobre o momento do esporte no Brasil?
Ricardo Cappelli: Parafraseando o presidente Lula, nunca antes na história deste país o esporte esteve tão em pauta. Outro dia eu ouvi um comentário na rádio CBN de um analista de economia sobre o futuro. Ele disse que três fatores serão decisivos para um impulso ao Brasil: o pré-sal, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. O esporte vive um momento especial, de muitas oportunidades. O orçamento do Ministério do Esporte em 2003 era de R$ 280 milhões, mas saltou para R$ 1,3 bilhão no ano passado. O esporte sempre teve um lugar secundário na agência da política pública, mas passa por um ciclo de fortalecimento e encontrará muitas oportunidades nos próximos dez anos.

ME: E a Lei de Incentivo ao Esporte, como se enquadra nesse cenário? Como tem sido a reação das empresas?
RC: A Lei de Incentivo ao Esporte é relativamente nova, mas já proporcionou alterações significativas na estrutura da empresas. Várias delas começaram a criar setores específicos para avaliar a visão da companhia e as oportunidades que existem para projetos no esporte. A Lei de Incentivo ao Esporte surgiu em um contexto positivo, mas ainda tem pouco tempo de vigência.

ME: Você considera a Lei de Incentivo ao Esporte como algo consolidado?
RC: Já houve mais de R$ 150 milhões investidos em dois anos, com mais de 1,5 milhão de pessoas beneficiadas, mas a lei ainda não usou todo o potencial que tem. Tivemos uma movimentação pequena dentro do universo que existe. E o que nós vemos é que ainda existe muito desconhecimento de empresas e de proponentes.

ME: Como é feita a seleção de projetos atualmente?
RC: A Lei de Incentivo, propositalmente, não é restritiva. Temos apenas uma restrição sobre quem pode apresentar projetos, que não podem ser feitos por pessoas físicas. A comissão que avalia é formada por membros do governo e da sociedade civil, pessoas que buscam referências para ter um equilíbrio e enriquecer a compreensão da sociedade.

ME: Por que o número de projetos é tão inferior ao volume de apresentações? O que falta para melhorar o aproveitamento?
RC: Nossa intenção é aprovar o maior número possível de projetos. O número de registrados é grande, mas a matriz do esporte no país ainda carece de um desenvolvimento. Falta expertise nos projetos, e qualificar gestores é um grande desafio nosso para os próximos anos. É fundamental formarmos pessoas capazes de aproveitar esse recurso que está aí.

ME: Qual é a projeção da Lei de Incentivo para este ano?
RC: O balanço de 2009 ainda não está fechado, mas a expectativa é que tenhamos o triplo de projetos em comparação com o ano anterior. Isso mostra que a Lei de Incentivo ao Esporte está crescendo e se consolidando. Tomamos medidas para acelerar os projetos, para não termos mais de 90 dias entre a apresentação, a apreciação e a definição.

Em 2007, tivemos 629 projetos apresentados e 416 aceitos. No ano seguinte, 666 projetos apresentados e 260 passaram. O número caiu drasticamente porque 80% do que chegava para nós não tinha nem a documentação necessária. Começamos a barrar logo por aí. Desde fevereiro, projeto sem documentação não forma sequer um processo.

ME: E desde que a lei começou a funcionar? A evolução está dentro de suas projeções?
RC: O crescimento tem sido dentro do esperado. É difícil fazer qualquer balanço sem que exista um histórico, e dois anos não são suficientes para criar um histórico. Teremos um cenário mais claro daqui a alguns anos, mas estamos investindo para intensificar o crescimento.

ME: Os recursos da Lei de Incentivo ao Esporte são bem distribuídos pelo país?
RC: Um dos problemas da lei é a concentração. 92% dos recursos captados estão divididos entre Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com 22%, 10% e 60%. Esses dados nos fazem voltar à questão da expertise, que ainda é pouco abrangente. Precisamos aproveitar mais para crescer, e para isso precisamos de mais qualidade. O grande desafio que temos pela frente agora é qualificar a gestão do esporte em todo o país.

ME: Você fala constantemente sobre o volume de recursos liberados, mas nem tudo isso vira apoio efetivo. De tudo que é aceito em projetos, quanto é efetivamente captado com empresas?
RC: Existe uma taxa de 30% do que é liberado que consegue efetivar a captação. Isso nos mostra que temos alguns desafios. O primeiro é aumentar a efetividade, divulgando a possibilidade que as empresas têm e mostrando a elas como funciona. Companhias não apoiam qualquer projeto. Em geral, elas preferem não alocar recursos se o projeto não transmitir total segurança. É um trabalho de divulgar a legislação, melhorar os projetos e dar credibilidade ao setor.

ME: Por que existe a restrição de não liberar verbas diretamente a atletas?
RC: Essa é uma questão complicada. É difícil colocar dinheiro público nas mãos de uma pessoa física. Não podemos simplesmente depositar verba do governo na conta de alguém, ainda que o fim seja positivo. Mas não encaramos isso como um fator limitador, já que o atleta pode fundar sua instituição. O projeto da Isabel Swan para as Olimpíadas de Londres-2012 captou dinheiro incentivado. Para isso, criou uma entidade.

ME: Mas isso não estimula a utilização de “laranjas”?
RC: A lei não limita o proponente, mas estimula uma interação entre atletas, federações, confederações e empresas. A ideia é que surjam parcerias, mas nada impede que um atleta crie sua própria instituição. Temos aí as fundações como Gol de Letra, Bola pra Frente e IEE. Eles nos mostram que isso é possível sem que sejam usados “laranjas”. Boa índole e má índole existem em qualquer segmento. O desafio é encontrar um equilíbrio e criar regras que se aproximem de realidades diversas.

ME: Você considera correto o direcionamento dos recursos?
RC: Mais importante do que discutir para quem vai o recurso é buscar maneiras de aproveitá-lo totalmente. Temos um espaço de crescimento muito grande ainda. Se tivermos mais qualidade nos projetos e um número maior de inscrições, poderemos atingir um volume mais próximo do limite. Mais do que discutir se A é beneficiado ou B é preterido, é importante usarmos tudo que a lei nos oferece.

ME: O São Paulo captou dinheiro via Lei de Incentivo ao Esporte para construir um centro de formação de atletas em Cotia-SP. É legítimo usar dinheiro público para a construção de uma obra da iniciativa privada?
RC: Na época em que o São Paulo Futebol Clube apresentou o projeto, fizemos uma consulta aos órgãos de controle e não houve veto à possibilidade. Recentemente, uma portaria delimitou o caso de construções. Em caso de emprego de dinheiro público, é preciso que os clubes ofereçam contrapartidas de uso para a população. É razoável construir equipamentos que contam com Lei de Incentivo ao Esporte e não seriam erguidos sem ela. O Maria Lenk e o Velódromo foram feitos com recurso público, mas são administrados pelo COB. Da mesma forma, o São Paulo Futebol Clube é um clube social. Não se trata de uma empresa, e essa peculiaridade precisa ser considerada.


S.Paulo FC, o maior beneficiado da Lei de Incentivo

28/10/2009

S.Paulo FC, o maior beneficiado da Lei de Incentivo

Fonte: Blog do Cruz

Dois anos depois da aprovação do primeiro projeto, em 19 de dezembro de 2007, o São Paulo Futebol Clube aparece como a instituição que mais se beneficia da Lei de Incentivo ao Esporte.

Dos R$ 30,6 milhões que os clubes de futebol profissional – modalidade mais atendida – já conseguiram captar, só o São Paulo é responsável por R$ 19 milhões.

No total, o tricolor paulista aprovou seis projetos (dois a mais que o COB) para a formação de atletas, construção de vestiários, arquibancadas, estacionamento etc.

Entre os doadores ao clube destacam-se o Bradesco, Atlântica Seguros, Banco Boavista, Banco Alvorada, Finasa e Nestlé.

Outros 13 clubes de futebol também tiveram sucesso na empreitada, como o Clube Atlético Mineiro  (R$ 5 milhões, vindos da Cemig e da Fiat) e o América FC, também de Minas (R$ 2,6 milhões).

Clubes sociais

Os clubes sociais-esportivos aparecem em segundo lugar entre as arrecadadoras de incentivos fiscais, com R$ 30,5 milhões.

Porém, apenas dois grandes formadores de atletas estão no ranking, o Minas Tênis, de Belo Horizonte (R$ 17,5 milhões) e o E.C.Pinheiros, de S.Paulo (R$ 13 milhões).

COB

Em dezembro de 2007, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aprovou projeto de R$ 25,8 milhões. O dinheiro foi usado na preparação da equipe para os Jogos de Pequim.

Em outra proposta conseguiu captar apenas R$ 180 mil para o projeto Rumo ao Ouro Olímpico no Iatismo.

Mais duas propostas estão em fase de captação:

R$ 22,5 milhões – preparação da equipe aos Jogos de 2012

R$ 11,4 milhões – Operação do Centro Olímpico de Talentos, no Rio.

Ranking do milhão

Para realizar o ranking, agrupei por modalidade os projetos que já arrecadaram (os valores foram arredondados).

No ranking, abaixo, estão apenas as modalidades e/ou instituições que ultrapassaram R$ 1 milhão.

As informações gerais sobre a Lei de Incentivo estão na página do Ministério do Esporte – www.esporte.gov.br .

Campeões de captações

  1. Futebol                           R$ 30.619.243,00
  2. Clubes sociais-esportivos      28.930.151,00
  3. Comitê Olímpico                   25.900.000,00
  4. Hipismo                                  7.765.725,00
  5. Atletismo                                7.306.314,00
  6. Golfe                                      4.239.768,00
  7. Vela                                        4.094.835,00
  8. Esportes radicais                     2.766.489,00
  9. Desporto universitário             2.740.700,00
  10. Secretarias de  Esporte           2.351.847,00
  11. Comitê Paraolímpico               1.940.000,00
  12. Tênis                                      1.908.532,00
  13. Judô                                       1.728.781,00
  14. Vôlei                                       1.118.272,00
  15. Natação                                  1.075.060,00
  16. Basquete                                 1.041.318,00

Newsletter 08/07

08/07/2009

Seguem duas reportagem que envolvem o Exército e o Esporte. Se essas ações tem relação, não podemos saber, mas não deixa de ser uma coincidência interessante. Também colocamos o projeto da “Lei de Incentivo ao Esporte” pelo qual a Vale já investiu R$ 2 milhões na reforma de instalações.

Vale lança projeto olímpico no Rio

Fonte: Máquina do Esporte, em São Paulo

A mineradora Vale apresentou, nesta terça-feira, em evento no Rio de Janeiro, o projeto “Brasil Vale Ouro”, que investirá mais de R$ 10 milhões no esporte. O plano, que tem os Jogos Olímpicos de 2016 como principal objetivo, vai buscar talentos de natação, atletismo e judô em núcleos espalhados por seis estados brasileiros.

“Nosso objetivo é realizar um investimento social estruturante, para que o legado do conhecimento aplicado permaneça no local. Queremos que esse programa seja referência na parceria social público-privado”, disse Sílvio Vaz, diretor-presidente da Fundação Vale.

O projeto tem o apoio dos Ministérios da Defesa e do Esporte, sendo que o último aportou R$ 250 mil na reforma do Círculo Militar de Deodoro. O espaço é mais um aparelho dos Jogos Pan-Americanos que ganha um uso, já que servirá como centro de excelência do projeto, atendendo localmente duas mil crianças e cem atletas com índice olímpico, que serão alojados na nova Vila Olímpica.

Para garantir o sucesso da empreitada, a Vale investiu R$ 3 milhões na construção de um ginásio de judô e vai destinar mais R$ 10 milhões à reforma do restante das instalações. Além disso, a empresa vai erguer mais 15 núcleos de prática esportiva em Minas Gerais, Maranhão, Espírito Santo, Pará, Sergipe e no próprio Rio de Janeiro, regiões em que atua comercialmente.

O projeto inclui até centros de capacitação profissional. “No Centro de Excelência do Brasil Vale Ouro, não queremos apenas formar futuros atletas de excelência, mas futuros técnicos”, disse Vaz.

Projeto aprovado na “Lei de Incentivo ao Esporte”

Por ISG – Fonte: Ministério do Esporte

Proponente: Circulo Militar da Vila Militar – 31.409.337/0001-80
Título do Projeto: Reforma da Pista de Atlestismo e Construção de Alojamentos – Brasil Vale Ouro
Nº SLIE: 0801179-61 UF: RJ
Nº do Processo: 58000.004455/2008-40 Estimativa Público: 5.000
Valor Aprovado para Captação (R$): 5.696.437,50 Prazo para Captação: 28/01/2009 a 31/12/2009
Data da Publicação: 29/01/2009 Situação do Projeto: Aprovado
QUEM PATROCINOU ou DOOU Data da Captação Valor Captado (R$)
Patrocinador: FUNDAÇÃO VALE 08/05/2009 2.000.000,00
Total Captado (R$):2.000.000,00

COB quer militarizar esporte

Fonte: Folha de São Paulo

Comitê planeja seguir países como Rússia, China e França, em que atletas representam o Exército

Projeto-piloto forma cem marinheiros no Rio, que não terão de fazer plantões em quartéis, mas disputarão os principais campeonatos
Fabio Costa/Folha imagem
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As iatistas e marinheiras Fernanda e Renata Decnop, que entraram no projeto e sofriam com falta de verba para as competições

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) quer militarizar atletas de ponta. Desde o início do ano, técnicos da entidade preparam um projeto para abrir as portas das Forças Armadas aos esportistas.
O trabalho é baseado nas experiências de algumas importantes potências olímpicas, como Rússia, China e França. Países que usam a carreira militar para dar estímulo aos seus melhores competidores.
Ielena Isinbaieva, detentora da melhor marca do mundo e campeã olímpica e mundial do salto com vara, faz parte do Exército da Rússia. Em agosto de 2005, a saltadora entrou na carreira militar como tenente das Forças Armadas e, em 2008, foi promovida a capitã.
Mesmo assim, continua representando a Rússia nas principais competições mundiais.
“”Queremos garantir aos nossos atletas uma remuneração fixa, todos os benefícios que os militares têm, além de colocá- -los para treinar em instalações com boa estrutura”, disse o ex- -judoca Sebastian Pereira, que é gerente de atendimento do COB nas confederações de judô, boxe e lutas associadas.
Ele é um dos principais articuladores da entidade esportiva nas Forças Armadas.
“”Fora isso, eles vão ter a opção de ingressar em uma nova carreira após o final do seu ciclo esportivo”, acrescentou Pereira, que foi atleta e soldado do Exército por oito anos.
Um projeto-piloto já foi criado pela Marinha. No mês passado, cem atletas se formaram em marinheiros no Rio, entre eles as judoca Ketleyn Quadros, bronze em Pequim-2008.
As inscrições haviam sido abertas para competidores de todas as modalidades.
A maioria das judocas da seleção feminina aderiu ao militarismo. O paulista Diogo Silva, do taekwondo, primeiro medalhista de ouro do Brasil no Pan- -2007, também é marinheiro.
Eles fizeram um curso de três semanas no Rio, mas não terão que fazer plantões no quartel.
“”A função deles é representar o Brasil em competições”, afirmou o tenente Maturana.
“Eles não terão nenhum trabalho burocrático para fazer. Vão poder treinar sem problemas e serão convocados por um determinado período para treinar nas instalações da Marinha”, completou ele, que integra a comissão técnica da seleção brasileira de judô e é um dos estrategistas do time.
O soldo de marinheiro é atualmente de R$ 1.056. Apesar de o salário não ser dos mais altos, a estabilidade da renda e os centros de treinamentos oferecidos pelos militares são os principais atrativos.
“”Essa verba ajuda muito. Até a semana passada, eu tinha apenas o salário do meu clube. Além do mais, posso ter uma nova profissão no final da carreira”, declarou Ketleyn Quadros -a judoca cursa a faculdade de educação física.
Apesar de já elogiar a iniciativa da Marinha, os dirigentes do COB querem ampliar o projeto. A intenção é que alguns atletas de alto nível entrem nas Forças Armadas como oficiais.
O modelo adotado pelo COB está sendo formatado pelo grupo de técnicos da entidade e deverá ser apresentado ao Ministério da Defesa até o fim do ano.

Projeto visa pódio em Jogos do Rio

Fonte: Folha de São Paulo

DA SUCURSAL DO RIO

O projeto da Marinha de transformar atletas em marinheiros é uma tentativa de reforçar a delegação brasileira que vai disputar os Jogos Mundiais Militares-2011, no Rio.
“”A meta é fazer um bom papel nos Jogos. Isso é claro”, disse o tenente Maturana, um dos responsáveis pelo treinamento da equipe de judô na Marinha.
“Temos a responsabilidade de fazer um bom papel. Em troca, eles nos dão toda a estrutura. Temos fisioterapeutas, médicos, barcos, diárias para participar de competições e até técnicos”, disse a iatista Renata Decnop, 23.
O Ministério da Defesa e a Marinha não informaram ontem quanto já foi gasto no projeto de militarizar os atletas de ponta.
O ministério também não informou se pretende ampliar para as outras Forças Armadas o programa de adoção de atletas.
O Mundial foi orçado em R$ 1,2 bilhão. A competição terá 21 modalidades e previsão de participação de aproximadamente 90 países e cerca de 6.000 competidores militares de todo o planeta.
Para recepcionar o evento, o governo terá de construir uma vila para abrigar os esportistas.0 (SR)


Notícias 06/05/2009

06/05/2009

Conselho Nacional do Esporte discute avanços no esporte brasileiro

Novos rumos da Confederação Brasileira de Basquete

 

Arquivo de notícias


Notícias 05/05/09

05/05/2009

Conselho Nacional do Esporte discute Lei Pelé e Lei de Incentivo ao Esporte

Depoimento do presidente do COB sobre o resultado da eleição na Confederação Brasileira de Basquete

Desistência define saída de Grego da CBB

Hortência viaja ao Rio e pode assumir o basquete feminino na nova gestão da CBB

 

Arquivo de notícias


Notícias 28/04/2009

28/04/2009

Rio de Janeiro recebe Comissão de Avaliação do Comitê Olímpico Internacional

Comitê Olímpico Internacional chega no Rio de Janeiro

Nova divisão da Lei Piva é discutida entre clubes e confederações

Projetos aprovados pela LIE publicados no Diário Oficial da União

Arquivo de notícias


Projetos aprovados no Diário Oficial da União de 17/04/2009

17/04/2009

Segue arquivo pdf com trecho do Diário Oficial da União contendo a publicação de projetos esportivos aprovados para captação e execução:

Arquivo pdf

Link da página


Notícias 16/04/2009

16/04/2009

Notícias de hoje do mundo esportivo:

1- Pró-Jovem e escolas municipais do semi-árido nordestino recebem kits com material esportivo

2- Após reforma de R$ 10 milhões, Júlio Delamare agoniza a espera da demolição

3- Comissão de atletas limita os debates

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Notícias 15/04/2009

15/04/2009

Notícias de destaque do mundo esportivo desta quarta-feira:

1- “Incentivo” e turismo põem Athina no RJ

2- Ministro anuncia para Juazeiro construção da primeira Praça da Juventude da Bahia

3- Rio de Janeiro recebe principal evento do calendário internacional de Judô

4- Comitê Olímpico Brasileiro cria Comissão de Atletas

5- A Comissão de Avaliação do Comitê Internacional Olímpico vem ao Brasil

6- Congresso avalia criação de CPI para apurar irregularidades no COB

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Notícias 14/04/2009

14/04/2009

Seguem notícias relacionadas a esporte e a Lei de Incentivo ao Esporte

1- Ministro Orlando Silva participa de seminário estadual sobre Lei de Incentivo

2- Ministro recebe proposta de laudo de engenharia para liberar estádios com mais de 10 mil torcedores

3- Caixa aumenta aporte no atletismo

4- Crise não tira bancos do esporte no Brasil

5- Confederação busca estado para ressuscitar autódromos

6- Rumos do esporte no Legislativo, coluna Jogo Aberto, Correio Braziliense

7- Tóquio esbanja otimismo para escolha de sede olímpica

8- Ministério gasta R$ 3 mi para se mudar

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