Depois não sabemos porque faz décadas que não ganhamos uma medalha nas Olimpíadas!

Com passaporte “completo”, técnico da seleção não vai ao Pan de boxe

Fonte UOL

Todos os dias, o técnico cubano João Carlos Soares leva cerca de 20 garotos para um ginásio da cidade de Santo André e realiza dois treinos. É a seleção brasileira de boxe, que segue lutando para alcançar um nível de qualidade que a eleve ao nível das potências mundiais da modalidade. Apesar de estar no dia a dia de cada atleta, o treinador terá de acompanhar o Pan-Americano de boxe amador, torneio preparatório do Mundial, pela internet e o telefone.

O problema de João Carlos é que ele não conseguiu acertar os detalhes de seu passaporte para poder embarcar para a Cidade do México e acompanhar a delegação na competição, realizada na capital do país. “O meu passaporte já está todo cheio. Tem validade até 2011, mas, sabe como é a gente viaja muito”, brincou o africano de Guiné-Bissau, mas criado no boxe cubano.

Sem espaço para carimbar mais uma vez o documento, João Carlos não conseguiu um novo passaporte a tempo e terá de acompanhar de sua casa os resultados de sua equipe, na competição com início nesta quarta-feira.

Situação parecida aconteceu no último ano, quando a seleção foi para Trinidad e Tobago. A burocracia para o visto do treinador fez com que ele tivesse de ficar no Brasil e mandasse assistentes para comandar os lutadores no corner naquela ocasião.

Para o treinador é outra burocracia, no entanto, que tem dificultado seu trabalho no Brasil. Nascido em Guiné-Bissau, ele tem passaporte de seu país, mas tenta há dois anos e meio sua naturalização pelos devidos meios legais. João Carlos chegou em 1995 ao Brasil para treinar a seleção nacional e, no país, tem até um filho de 12 anos.

Apesar de ter direito, a cidadania ainda não veio. “Seria muito mais fácil para eu poder viajar com o passaporte brasileiro que eu poderia tirar. Como estou agora, sempre tenho de estar em contato com o meu consulado, o que dificulta”, explicou o auto-definido “afro-cubano-brasileiro”.

Enquanto “descansa” no Brasil, João Carlos Soares enviou outros dois técnicos para fazerem o trabalho na cidade do México. Antonio Reis, seu costumeiro auxiliar, estará ao lado de Gabriel de Oliveira, o Pitu, filho do único medalhista olímpico brasileiro, Servílio de Oliveira. Gabriel chegou a ser técnico de Valdemir Pereira, o Sertão, quando o baiano foi campeão mundial, em 2006.

O técnico original da equipe mostra um misto de preocupação e otimismo quanto ao fato de não poder gritar para seus pupilos ao lado do corner. “Fica muito difícil ir com outro técnico, são critérios diferentes, ensinamentos diferentes”. Mas o boxe é um esporte individual e acredito que eles estão bem treinados. Quem decide lá em cima é o atleta”, analisou ele.

Para este Pan-Americano de boxe, o Brasil terá sete competidores disputando o ouro na Cidade do México: Paulo Carvalho (- 48 kg), Robson Conceição (- 57 kg), Everton Lopes (- 60 kg), Myke Carvalho (- 64 kg), Esquiva Falcão (- 69 kg), Yamaguchi Falcão (- 75 kg) e Gidelson Oliveira (+ 91 kg).

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